quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O que as Diretrizes nos dizem?

 Após leitura do Parecer CNE/CEB nº 20/2009, entende-se que quando nos propomos a trabalhar com crianças bem pequenas, devemos ter como princípio, conhecer seus interesses e necessidades, isto é, saber verdadeiramente quem são, saber um pouco da história de cada uma, conhecer a família, as características de sua faixa etária e a fase de desenvolvimento em que se encontra, além de considerar o tempo que permanecem na escola. Só assim podemos compreender quais são as reais possibilidades dessas crianças, lembrando que, para elas, a educação infantil é a porta de entrada para uma vida social mais ampla, longe do ambiente familiar.
Considerando a legislação, cuidar e educar a criança, é impregnar a ação pedagógica de consciência, estabelecendo uma visão integrada do desenvolvimento da criança com base em concepções que respeitem a diversidade, o momento e a realidade peculiares à infância, isto é, de acordo com as diretrizes, o cuidar e o educar devem caminhar juntos. Portanto, o educador deve estar em permanente estado de observação e vigilância para que não transforme as ações em rotinas mecanizadas, guiadas por regras.
Nesse sentido, na educação infantil o “cuidar” é parte integrante da educação, exigindo conhecimentos, habilidades e instrumentos que exploram a dimensão pedagógica. Isto implica em que cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimento e a cooperação de profissionais de diferentes áreas.
Com isso, a escola pretendida para o estágio vê o cuidar das crianças de educação infantil através da valorização e da ajuda em desenvolver as capacidades das mesmas, entendendo o cuidado como um ato de relação com o outro e a si próprio, isto leva a escola a buscar parcerias para atender a criança quando há a necessidade de integrá-la na sala de aula. O professor compreende que o desenvolvimento integral da criança depende dos cuidados relacionais, os quais envolvem a afetividade, dos cuidados biológicos do corpo como a alimentação e dos cuidados com a saúde, bem como a forma como esses cuidados devem ser oferecidos, por isso, a escola oportuniza o acesso a diversos conhecimentos através de reuniões de estudos, participação em formação continuada, entre outros.
O docente de educação infantil da escola parceira não trabalha somente com o que já está delineado, mas há uma diversidade de atividades que vão se modificando conforme a necessidade, considerando o contexto sociocultural das crianças. Assim, vai construindo um ambiente harmonioso, prazeroso que leva o aluno a querer aprender, buscando estar perto do mesmo, utilizando a história devida cada um para planejar suas aulas e construir o conhecimento.
Mesmo estando respaldada pela Lei, a escola procura ir além do que dita as normas, sempre com o objetivo de desenvolver integralmente a criança, levando em conta que a sua comunidade é diversificada, com níveis culturais e socioeconômicos diversos.
Em relação às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil no que se referem aos princípios éticos, políticos e estéticos, esses fundamentam as propostas para o ensino infantil e a escola busca adotar metodologia para um planejamento participativo através da sua própria autonomia. As orientações e a supervisão são recebidas da secretaria municipal de educação quanto à elaboração da proposta pedagógica para educação infantil, mas o que se observa é que o controle é feito através do diário de classe, da avaliação individual e diária dos alunos, se a escola está ou não trabalhando dentro das regulamentações municipais, entre outros aspectos, isto significa que a secretaria trabalha como uma mera fiscalizadora e não totalmente como orientadora.
Para cumprir com os pressupostos das DCNEI, a escola trabalha dentro de uma gestão democrática e participativa, seja na construção/reconstrução de seu PPP seja na formação de professores, seguindo os critérios contidos nessas diretrizes. Observou-se que no seu planejamento não aparece menção ao atendimento de crianças portadoras de necessidades especiais, não tem plano específico para isso. Notou-se que a escola privilegia um atendimento mais individualizado com as crianças de educação infantil, mas na hora de trabalhar com atividades ao ar livre, são instigadas a participarem no grupo por meio da orientação docente. A escola possui espaços para brincadeiras e outras atividades, as quais, mesmo tendo sidas incluídas com a intenção de enriquecer o currículo e diversificar a aprendizagem, parecem servir para preencher lacunas entre as atividades pedagógicas que seguem uma rotina diária, sem um plano de trabalho para orientação.
Porém, os professores conseguem alcançar o principal objetivo da educação infantil que é desenvolver hábitos e habilidades que promovam o ajustamento às fases que se seguirão na escolarização das crianças. Nesse sentido, compreendem que a ação da educação infantil é complementar à da família e à da comunidade, por isso procuram fazer esta articulação, dialogando com as mesmas.
Os educadores sabem que é fundamental conhecer e entender as diretrizes, pois elas dizem sobre como deve ser o trabalho com a criança e são mandatárias, isto é, se não cumprir o que dizem, estarão infringindo a legislação. Uma das dificuldades encontradas relaciona-se com as relações estabelecidas, com os conhecimentos que as crianças têm sobre o que vai ser vivido, as indagações que tem sobre o mundo, que muitas vezes não são ouvidas ou consideradas na organização das propostas.
Nesse sentido, como sugestão, é preciso desenvolver uma metodologia de coleta de informações que passa pela observação atenta, pela pesquisa. Por exemplo, em relação ao brincar: do que as crianças brincam? Quais são suas brincadeiras preferidas? Qual seu repertório de brincadeiras? De que modo podemos ampliá-lo? Que materiais podem oferecer às crianças para ampliar suas possibilidades de brincar? O educador precisa ser um constante pesquisador.
Para concretizar o que orientam as DCNEI é preciso pensar no processo de ensino aprendizagem. É dar tempo as crianças para viver as coisas profundamente, ter oportunidade de sentir as experiências, poder ouvir uma boa história, sem pressa, testando suas habilidades, verificando suas dificuldades, com calma. Acredito que assim se efetivará o que a lei exige em relação à educação infantil.






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