quinta-feira, 3 de abril de 2014

RESUMO DO LIVRO “A LÍNGUA DE EULÁLIA”.

Resumo do Livro “A LINGUA DE EULÁLIA”
A Língua de Eulália é uma NOVELA SÓCIOLINGUÍSTICA editada pela EDITORA CONTEXTO, pelo autor Marcos Bagno, a obra completa é formada por 21 capítulos em 209 páginas, onde o autor busca derrubar o preconceito lingüístico na alfabetização (revista Nova Escola, março 1998), o autor Marcos Bagno nasceu em Cataguases(MG) e, depois de ter vivido em Salvador, no Rio de Janeiro, em Brasília e no Recife, instalou-se com a família na capital de São Paulo. Tradutor, contista, poeta e autor de livros para crianças, formou-se em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco, onde também obteve seu título do mestre em Linguística. É doutor em Filosofia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo.
Que Língua é essa?
_ o mito e a realidade; o errado e o diferente; o eu e o outro-
Vera, Sílvia e Emília são universitárias e vão passar as férias no interior, na casa da tia de Vera, professora aposentada lingüista, que se chama Irene. Ao chegarem elas são recebidas por Eulália, empregada de Irene e estranham a maneira da mesma se comunicar. Irene que é como irmã para Eulália, não gostou do jeito que as meninas riram de Eulália, e resolveu ensinar para as meninas dando imas aulas. Irene explicou que o preconceito Linguístico não possui fundamento, pois a História da Língua Portuguesa passou por várias transformações e cada uma delas justifica o uso de variedades lingüísticas. No Brasil existem variedades de línguas e precisam ser respeitadas, porque a pessoa que fala diferente não é considerada errada, pois tudo que parece erro, no português não-padrão tem uma explicação lógica e científica. Irene explicou que no Brasil se falam mais de duzentas línguas faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas, e muitas comunidades de imigrantes mantêm viva a língua de seus ancestrais, porém os índios e os imigrantes são poucos e a língua mais falada e mais escrita é mesmo o português, mas nem por isso vamos dizer que no Brasil só se fala uma língua.
O livro busca sempre comparar o Português padrão com o não padrão para provar que há mais semelhanças que diferenças entre as duas línguas, o Português padrão se aprende na sala de aula, é aquele modelo ideal de língua que se usa pelas autoridades, pelos órgãos oficiais, não necessariamente pelas pessoas cultas, é a língua usada na literatura, explicada nas gramáticas definidas nos dicionários, já a língua não padrão apresenta variedades de acordo com as diferentes regiões, classes sociais , faixas etárias e níveis de escolaridade,é transmitida naturalmente, pois na maioria das vezes as pessoas abandonam a escola cedo para trabalhar ou desistem de estudar por serem discriminadas pelo seu jeito de falar.
Nós não podemos negar esta forma de falar, pois ela está sempre existiu e consegue diminuir as regras gramaticais as tornando mais simples, isso ocorre frequentemente com o uso da concordância, plural e conjunção verbal. Essa postura não deve ser ignorada pois esse processo é comum em muitas outras línguas, mesmo na forma padrão delas como o Inglês por exemplo. No caso do Português, ocorrem vários fenômenos lingüísticos, os principais são: Rotacismo que é a troca do L pelo R, este pode ser explicado através da origem das palavras no Latim que recebiam R, mas com o passar do tempo estas palavras
sofreram modificações, porém muitas pessoas não tiveram ciência disso e estão preservando os traços do português arcaico, temos também a troca do LH por I, é chamado de Yeísmo, essas mudanças ocorreram devido a comunidade de pronuncia, Assimilação é a transformação de ND em N e de MB em M, isso se explica porque essas consoantes são dentais e o som de uma está muito próximo da outra, Redução: ocorre quando as vogais E e O São pronunciadas como I e U, contração das proparoxítonas em paroxítonas, que não é exclusivo do Português não-padrão que tem um ritmo paroxítono, já que palavras proparoxítonas em Latim passaram a ser paroxítonas também no Português padrão, Desnalizando de vogais postônicas que ocorre na norma padrão e não padrão, caracteriza-se por eliminar o som nasal das vogais que estão depois da sílaba tônica, o que é uma tendência natural da língua, Arcaísmo que surgiu devido ao português arcaico ter sido ensinado no Brasil, com isso seus traços ainda permanecem em regiões afastadas das metrópoles brasileiras pela falta de contato com as mudanças que surgiram na língua, Analogia que é a mudança lingüística causada pela interferência de uma forma já existente, por exemplo palavras que mudam de classe gramatical por causa do som de uma vogal, e o caso do pronome oblíquo MIM como sujeito de infinitivo, com este ocorreu algo interessante pois esse costume foi transmitido dos menos cultos para os mais cultos.
Seu uso entre outras explicações justifica-se pelo pronome MIM ser tônico e procurar enfatizar a oração, com o surgimento desses fenômenos a língua tornou-se mais complexa e quando necessário aplicar as normas gramaticais. Novas regras são geradas pelo Português não-padrão que é inovador, referente a função da partícula se como verdadeiro sujeito da oração e uma delas, dessa forma a ordem sujeito-verbo-objeto é obedecido, embora essa norma não seja aceita pela Gramática Tradicional (neste caso), seu uso é totalmente compreensível pois reúne uma explicação sintática, uma semântica na qual o sentido da oração é respeitado e outra pragmática que aborda o uso que o falante faz da fala para obter determinado efeito.
Após a apresentação desses temas o livro questiona o ensino tradicional de Língua Portuguesa e aponta como solução para reduzir o abismo entre o Português padrão e o não-padrão que as escolas incorporem usos lingüísticos novos utilizados pela literatura, aceitem o fim do mito da língua única e admitam que a língua está em constante mudança.
O ensino de Língua Portuguesa também precisa abordar temas como variantes lingüísticas e fenômenos da língua para informar o aluno sobre o uso prático da língua, assim evitando preconceitos e nunca deixar de mencionar seu valor social, para instruí-lo quando ele deve usar o Português padrão. Evidentemente estas transformações não acontecerão rapidamente, pois há imposições para que o ensino não mude, por parte dos gramáticos que não cansam de criar regras para conservar o Português padrão e em conseqüência disso distanciam a forma de escrever com a maneira de se expressar.
Referências :
http://pt.shvoong.com

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